segunda-feira, 17 de julho de 2017

tô passando pela rua, pensando noutras coisas, num monte de coisas menos em você. até aquele momento, até ver uma coisa, um movimento, um desenho. de repente eu lembro e como se não houvesse mais nada no mundo você invade os meus pensamentos. e aí não tem mais como tirar você da minha cabeça. já era. depois que entrou é um trabalho pra sair. as vezes passam vários dias até eu conseguir me livrar da sua lembrança. e enquanto isso não acontece meu mundo desaba. como quando passa uma nuvem pesada de chuva num dia de sol. não é que eu não te ame mais. pelo contrário, eu te amo demais ainda. é esse o problema. a falta que você faz. e então tudo começa a me lembrar você, até o que antes não lembrava. só porque você entrou. depois que entrou você vira minha vida de novo. eu sei que não pode isso. eu quero deixar você pra trás mas é doloroso. ao mesmo tempo que eu quero te deixar em paz, eu não fico em paz sem você. aí não tem o que fazer. é conviver, lembrar, sofrer um pouco, chorar as vezes. eu choro cada vez menos. não sei se isso é bom ou ruim. as vezes eu acho que sem você eu fico insensível. pode ser. ou é só o meu jeito de proteger o coração que estava exposto. agora não está mais, está guardado. e a chave eu joguei pela janela. eu não guardei pra ninguém encontrar, eu joguei fora, pro mundo. porque eu quero que alguém encontre de novo. mas pode ser que isso não aconteça. vai saber. só o tempo vai dizer.
ela é de lua
aquela pessoa que enche e míngua e enche de novo
ela chega luminosa
ela é sol também
ela é sol e lua
aquela que brilha de dia e de noite
mas as vezes entra na concha
desaparece
encolhe na sombra
pra surgir renovada

ela é felicidade
mas com olhar de tristeza
é o contraste
o sorriso largo e os olhos tristes
do lado dela a vida é quase sempre feliz
até vc perceber a tristeza lá no fundo
mas é dela e não sua
e não há o que fazer
vc não consegue tirar a tristeza dela
e as vezes vc acha que ela não é feliz
e fica triste tb por não saber fazer ela feliz
mas não depende de vc

ela é contradição
é luz e sombra
calor e frio
sol e lua
te deixa feliz e triste
vc nunca sabe o que está passando pela cabeça dela
mas quase nunca se importa com isso




sábado, 1 de julho de 2017

Ela estava trabalhando. Trabalhava todo sábado de manhã, sempre. Ele não, e acordava mais tarde nesses dias. Espreguiçava e levava os cachorros pra passear na feira. Ele adorava passear na feira, comprar frutas e verduras frescas, peixe, comer pastel com caldo de cana. Conversava com todo mundo. Todo mundo conhecia ele por lá. Ele sempre comprava flores pra enfeitar a casa pra ela.

Quando ela chegava a casa estava arrumada. As flores no vaso em cima da mesa, flores do campo, coloridas. Ele gostava das amarelas e alaranjadas, ela das vermelhas, roxas e rosas. Um buquê bem variado agradava os dois. As vezes ele cozinhava, as vezes, com preguiça, comprava quentinhas no bar da esquina. Ele sabia que ela gostava do frango com quiabo e comprava duas, além do que ele fosse querer, pois desse jeito ele podia comer do prato dela e ela não ficaria com fome. Ele tinha essas preocupações bobas e sempre achava que a comida do prato dela era mais gostosa. Ela achava graça e nunca reclamava.

Tinha dias que ele comprava algumas cervejas para eles passarem a tarde conversando, ouvindo musica e bebendo. Eles se divertiam sozinhos mas muitas vezes também chamavam os amigos e tudo acabava virando uma pequena festa. Os dois adoravam dividir sua casa com os amigos e também gostavam de ficar sozinhos de vez em quando. Eles se divertiam muito juntos.

Tinha dias, no entanto, que eles apenas deitavam depois do almoço. Deitavam na cama, sem TV ligada, sem musica, só os dois, sem conversa. Muitas vezes eles conversavam apenas com o olhar. A pequena, mais saliente, deitava entre os dois enquanto o primogênito deitava atrás da mãe, sempre protetor. E ficavam ali assim, toda a família junta, durante horas. Depois de muito tempo eles chegavam a conclusão de que estavam no melhor lugar do mundo e que naquele momento eram genuinamente felizes. E então, lentamente, de mãos dadas, dormiam.

sábado, 17 de junho de 2017

disseram que o tempo cura.
não cura.
disseram que o tempo acalma.
não acalma.
disseram que o tempo torna tudo mais fácil.
não torna.
disseram que o tempo atenua a dor.
não atenua.
disseram que o tempo faz o sofrimento passar.
não faz.

o tempo passa, só isso.
o tempo não faz passar.
o tempo passa com a gente por tudo.
e a gente tem que passar com o tempo.

o tempo faz a gente se acostumar.
mais ou menos.
faz a gente aprender a lidar com o tempo.
faz a gente aprender a lidar com o vazio.

a crueldade da ultima vez.
pq nuca sabemos quando será a ultima até ela ter acontecido. até depois. e falta tanta coisa para fazer, para dizer depois da ultima vez...
o ultimo dia, a ultima oportunidade, é tão cruel não saber que depois disso vai acabar.
não podemos nos adiantar e dizer tudo que queremos, sentimos, pq achamos que haverá outras oportunidades. 
não houve.
não há.
e seguimos arrependidos do que não foi dito, do que não foi feito. ou do que foi feito e não deveria. 
seguimos arrependidos pq a ultima vez é sempre cruel, não nos dá oportunidade de sermos tudo que queremos ser.
não nos dá a oportunidade de falarmos tudo o que queremos falar. fazer tudo o que queremos fazer. 
pq nunca sabemos que aquela vez será a ultima vez.

sexta-feira, 16 de junho de 2017

Movimento Perpétuo

Ela saiu de casa como fazia todos os dias. Rotina. Há muito tempo tinha se acostumado com aquele compasso dos dias, um ritmo que nunca mudava. De alguma maneira isso a fazia se sentir confortável. As vezes confortável demais.

O dia parecia normal. Nem muito quente, nem muito frio. Não podia dizer que estava alegre mas também não podia dizer que estava triste. Equilíbrio. Buscou equilíbrio a vida toda e agora, quando finalmente o encontrou, não o suportava.

Resolveu continuar o dia como todo dia. Continuar a sua rotina. Pegou seu ônibus para o trabalho na mesma hora de sempre. Transito ruim como sempre. Pessoas conversando em seus celulares, dormindo, ouvindo musicas. Demorou o tempo usual para chegar no trabalho. Tomou seu café como fazia todos os dias, na sua caneca que estava no lugar onde deixou na sexta ao sair de lá.

Tudo igual. E por dentro ela sentia que a cada minuto morria um pouco. Sentia cada hora que passava como uma hora a menos da sua vida. Como uma ampulheta que perde seus grãos de areia para o tempo. E naquela repetição diária ela se sentia esvaziar. Ela sentia que estava perdendo mas não soube precisar o que. Não conseguia entender aquele sentimento. Alcançou tudo o que sempre sonhou. Um trabalho estável. Uma casa arrumada, móveis bonitos, roupas bacanas.

Desistiu da ideia de animais de estimação quando seu ultimo cachorro morreu. Não queria seres vivos que dependessem dela. Não tinha nem plantas. Talvez essa falta de contato com a vida estivesse minguando sua própria vida também. Mas não vivia completamente isolada de pessoas. Tinha alguns amigos mas não tinha mais paciência para eles. Estava sempre acompanhada quando saía mas se perguntasse a ela, não saberia te dizer prontamente quem era o carinha da ultima noite. Eles eram esquecíveis, precisava se esforçar para lembrar. Assim nunca via o mesmo cara mais de 3 vezes. Era uma regra silenciosa. Demorou para perceber que essa regra existia e isso a assustou. Por algum motivo se cansava ou até mesmo ficava com raiva desses homens que não conhecia direito.

Falta de interesse. Podia ser esse o problema. Não conseguia se interessar por quase nada. Livros, filmes, musicas. Via sempre os mesmos. Ouvia sempre as mesmas. Pra que mexer em time que está ganhando, pensava ela. E continuava o mesmo jogo.

Sem perceber estava carregando uma bomba relógio. Durante um tempo usava o álcool e algumas drogas para fazer o tempo passar. Não agora. Não precisava mais disso. Tinha percebido que podia apenas ignorar a passagem do tempo. O tempo passava e ela ia perdendo suas ambições com ele. Aprendeu também a controlar as expectativas. Não sei se controlar seria a palavra certa. Aprendeu a exterminar as expectativas. Assim não se frustrava por que simplesmente não esperava mais nada de ninguém.

E seguia assim, estéril e equilibrada, dia após dia. Algumas pessoas sentiam inveja da sua vida. Ela entendia. Era muito difícil alcançar aquele ponto onde estava. As vezes ela se orgulhava disso, mas nem tanto. Não sempre. Na verdade, tentava não parar para pensar na sua vida. Isso era um dos segredos para se manter satisfeita no seu movimento perpétuo.

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Aqui cabe um adendo: sabemos que maquinas de movimento perpetuo não existem, o que nesse momento só explicita o que está para acontecer cedo ou tarde - perda de movimento, fadiga ou extinção.

A história agora chega no seu ponto crítico. Já sabemos tudo que se passa, ou melhor, não se passa na vida dela. Já sabemos o que não acontece. O que ela não tem. Existem então algumas possibilidades:
- Ela pode continuar como está e terminar a vida como uma árvore velha, seca e retorcida, sem a seiva vital que dá cor aos dias. E assim tudo acaba aqui.
- Ela sempre pode, num arroubo de desespero, tirar a própria vida. Clichê, mas acontece. Saída aparentemente fácil, apesar de não ser uma decisão fácil, acredito. Podemos acompanhar os acontecimentos que a levariam ao final trágico, mas a história também não se desenrolaria muito mais.
- Ela pode se deparar com uma reviravolta. Essa é a opção mais óbvia se quisermos continuar a história. E aqui poderíamos dar muitos destinos a essa garota. Sim, vamos chamá-la de garota, não de mulher. Ela tem maturidade, idade e todas as características que a fariam se encaixar na categoria "mulher" mas ainda se sente como uma garota, então será tratada como tal.


quarta-feira, 19 de abril de 2017

Desire 2 - Bilquis

​I'm like an old goddess.

My magic only works when I look at you. When I look into your eyes and I can see all your dreams and fears. And then I convince you that I am the answer for all of your prayers. I'm not the prettiest girl you know. I'm not the hottest one you met. Or the smartest either. But I know my power and I know when to use it. And I know when someone took the bait. And you took it. For my pleasure and your damnation.

My spells work only when you can hear my voice. It's not the sweetest voice you heard. It's a bit squeaky one. But I know all the things you want me to tell you. And I know how to say this words like no one could ever do. I can tell stories that you were never told about. And after that, you are sure that you can not be alive and not talk to me again. And not hear my sweet squeaky voice saying softly into your ears my enchanted words.

Your doom is only complete when you touch me. Not when I touch you. Cause you realize that allow you to touch me is the ultimate godsend I can give you. Cause when you feel the touch of my skin you forget about all the other girls you ever met. When you taste my soft and warm lips you erase of your mind all the other lips you ever kissed.

I told you, I'm like and old goddess and I need your worship to be alive. And you need to worship me to feel alive again.

terça-feira, 11 de abril de 2017

E quando você não gosta mais de quem você ama? Como faz com esse sentimento estranho e dúbio que hora faz você querer continuar a insistir numa coisa que claramente não tem futuro? Pra que ter futuro, você me perguntaria. E por que não ter, eu perguntaria de volta.

Não consigo ver relações serem construídas sem um propósito, apenas para serem. Preciso pensar que elas levem a algum tipo de resultado. Não consigo pensar em construir algo que não terá uma finalidade. Prefiro abandonar antes da decepção. Mas quando a decepção acontece antes do abandono?

Aí é sofrido. Aí o coração aperta por que quanto mais você quer insistir mais você percebe que não tem motivos pra isso. Mas abrir mão de um sentimento é difícil. Dói por que você construiu esse amor de algum lugar e agora ele não tem mais para onde ir. Dói por que você não quer admitir que estava errada ao escolher essa pessoa. Que em algum momento não percebeu as coisas que vê agora.



quinta-feira, 6 de abril de 2017

Cética. Sínica. Estéril. É assim que me sinto agora.

Quando começo a pensar em argumentos e exemplos, volto ao início e duvido das minhas teorias. Quando analiso minha vida percebo que vivi a exceção que confirma a regra e isso me deixa sem esperanças. Acabo chegando a conclusão que por ter tido essa experiência meu futuro fica cada dia mais claro. Solidão, frustração e amargura.

Não é depressão, apenas uma triste constatação de que o mundo que eu vivo não tem nada do mundo utópico que gostaria de viver. E de que as pessoas que habitam o mundo real nunca irão atender as expectativas que eu crio baseada nas pessoas do meu universo paralelo. E de que a única solução é me afastar do que me incomoda. Daí a solidão é inevitável.

Eu me sinto um Don Quixote, querendo mudar um mundo que não tem conserto. E daí a frustração quando percebo a minha posição. Quase engraçado. Se não fosse trágico.

quinta-feira, 30 de março de 2017

Eu não quero o que é simples. Eu não quero o que é mais ou menos. Eu não quero o ordinário. Eu não quero o que chega fácil, o que não me tira da minha zona de conforto. Não quero o que não me desafia. Eu não quero o que é seguro nem o que está disponível. Eu não quero não ter que conquistar meus objetivos.

Eu quero o que é fora do normal. O que me tira do sério. O que me faz duvidar se é possível. O que parece inalcançável. Eu quero o extraordinário, o fantástico. Quero o que provoca, incita, faz pensar. Eu quero um dia diferente do outro. Eu quero novos estímulos, novas sensações. Quero absurdos. Quero aprender com meus erros e acertos. Eu quero tudo, quero muito e quero agora.

quinta-feira, 16 de março de 2017

Final

Ela entrou no carro entorpecida ainda. Não entendia o que havia acontecido. Não tinha pensando muito no assunto, apenas saiu daquele lugar o mais rápido possível. Precisava disso. Depois parava pra pensar.

Ele disse que não era aquela a intensão quando começou a conversa. Nunca era a intenção dele magoar ela e ainda assim era o que ele sempre fazia. Ele tinha o dom de inventar desculpas e contar mentiras de uma maneira que ela sempre acreditava.

Ela acreditou de início, como sempre, mas tinha prometido para si mesma desde o ultimo problema que tiveram que nunca mais cairia na conversa dele. De alguma maneira a consciência dela veio a tona em meio aquelas explicações estapafúrdias e ela conseguiu sair do circulo vicioso que ele tanto se esforçava para mante-la.

Ele talvez acreditasse nas suas próprias mentiras. De tanto repeti-las elas de alguma maneira se tornavam verdades. Ele se via como uma vítima do destino e não como o autor daqueles absurdos. Talvez porque ele não conseguisse se livrar de tantos conceitos e preconceitos que havia cultivado por anos em sua vida.

Ela tinha uma necessidade tão grande de pertencer a alguém que não percebia o quanto se doava sem receber de volta. Na verdade, percebia sim, mas sua carência era maior que seu amor próprio. Triste, mas ela sabia que essa era a verdade. E que não havia nada que pudesse fazer para mudar isso. Então continuava a alimentar essas relações disfuncionais uma após a outra.

Ele se aproveitava da carência dela. Ele sabia que ela precisava de alguém e se sentia bem na posição de provedor de todas as seguranças daquela garota. Mas ele não conhecia ela tão bem quanto achava. E de repente ela começou a se rebelar da amarras que ele atou tão cuidadosamente. Não que ele fizesse isso de caso pensado, mas se parasse para analisar ia perceber a maldade em seus atos. Só que ele nunca parava para pensar.

Assim como ele, ela não parava pra pensar. Não parava pra analisar a sua posição naquela relação. Até outro dia. Era sempre assim. Ela não entendia por que se colocava naquela situação até estar sobrecarregada por toda a mágoa que havia sido cultivada nos últimos tempos. Como um copo enchendo até transbordar, e então já era tarde.

Ele percebeu que ela estava escapando e não soube o que fazer. O desespero de perder aquela garota fez com que ele precipitasse tudo. Que falasse o que não devia. Que fizesse o que não queria. E perdesse o que, sem saber, mais estimava.

Ela, por não impor seus limites na hora certa, também perdeu. Perdeu de novo por deixar seu medo da solidão levá-la novamente a solidão. Perdeu por não dar a chance dele ser diferente. Perdeu por não ensinar e por não aprender.


terça-feira, 14 de março de 2017

Há um ano os acontecimentos, de alguma maneira, levaram a um final surpreendente. Não sei explicar mas quando penso com calma não consigo deixar de achar que eu sabia, inconscientemente, do que estava para acontecer. Como se nós soubéssemos que ia acabar mal. Pra quem acredita em intuição, posso dizer que intuímos isso. Parece que o mundo estava avisando e que nós deveríamos fazer alguma coisa para aproveitar os últimos dias.

Eu sabia que não ia durar pra sempre desde o começo. Ia dizer que era bom demais pra ser verdade, mas não, não era. Era real demais. Tudo. Muito. Ao mesmo tempo. Intenso. 

Vendo de longe agora penso em muitas coisas que poderiam ter sido feitas e isso dói. Dói pq eu sei que nada disso é verdade e não havia nada a ser feito além do que realmente foi. Não existe como mudar o passado ou como prever o futuro. Isso também dói pq nós sempre temos muitas idéias de opções que, na verdade, não são opções. 

A cabeça roda e pensa e quer que a vida volte pra gente tentar de novo. Só mais uma vez, a gente pede. Por favor!!! Não, isso não vai acontecer. A gente sabe que não vai acontecer. Mas existe a fantasia, existe a esperança de mundos paralelos onde as coisas acontecem de outra maneira. E essa é mais uma maneira de se enganar e de tentar acalentar uma dor que não vai passar tão cedo.