Ela estava trabalhando. Trabalhava todo sábado de manhã, sempre. Ele não, e acordava mais tarde nesses dias. Espreguiçava e levava os cachorros pra passear na feira. Ele adorava passear na feira, comprar frutas e verduras frescas, peixe, comer pastel com caldo de cana. Conversava com todo mundo. Todo mundo conhecia ele por lá. Ele sempre comprava flores pra enfeitar a casa pra ela.
Quando ela chegava a casa estava arrumada. As flores no vaso em cima da mesa, flores do campo, coloridas. Ele gostava das amarelas e alaranjadas, ela das vermelhas, roxas e rosas. Um buquê bem variado agradava os dois. As vezes ele cozinhava, as vezes, com preguiça, comprava quentinhas no bar da esquina. Ele sabia que ela gostava do frango com quiabo e comprava duas, além do que ele fosse querer, pois desse jeito ele podia comer do prato dela e ela não ficaria com fome. Ele tinha essas preocupações bobas e sempre achava que a comida do prato dela era mais gostosa. Ela achava graça e nunca reclamava.
Tinha dias que ele comprava algumas cervejas para eles passarem a tarde conversando, ouvindo musica e bebendo. Eles se divertiam sozinhos mas muitas vezes também chamavam os amigos e tudo acabava virando uma pequena festa. Os dois adoravam dividir sua casa com os amigos e também gostavam de ficar sozinhos de vez em quando. Eles se divertiam muito juntos.
Tinha dias, no entanto, que eles apenas deitavam depois do almoço. Deitavam na cama, sem TV ligada, sem musica, só os dois, sem conversa. Muitas vezes eles conversavam apenas com o olhar. A pequena, mais saliente, deitava entre os dois enquanto o primogênito deitava atrás da mãe, sempre protetor. E ficavam ali assim, toda a família junta, durante horas. Depois de muito tempo eles chegavam a conclusão de que estavam no melhor lugar do mundo e que naquele momento eram genuinamente felizes. E então, lentamente, de mãos dadas, dormiam.
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